49% de negras e negros do RN trabalham sem carteira assinada, aponta Dieese

Foto: RF Studio/ Pexels

No Rio Grande do Norte, o percentual da população negra que têm trabalho desprotegido é igual entre mulheres e homens: 49%. Isso quer dizer que quase a metade da população negra do estado está empregada sem carteira assinada, é autônoma que não contribui com a Previdência Social ou é trabalhadora familiar auxiliar.

Na população não negra, os percentuais são de 49% dos homens e 39% das mulheres.

Os dados são referentes ao 2º trimestre de 2021 e foram divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Boletim Especial 20 de novembro – Dia da Consciência Negra: Desigualdade entre negros e não negros se aprofunda durante a pandemia.

Nos outros estados do Nordeste, a situação é ainda pior. No Maranhão, 69% dos negros e 63% das negras estão nessa condição. No Piauí, 67% e 58%, respectivamente. No Ceará, é de 61% e 57%. Na Paraíba, 58% e 59%. Bahia, 59% e 53%. Sergipe, 55% e 53%. E Alagoas, 53% de ambos os sexos.

Em todo o Brasil a taxa de negros em trabalho desprotegido é de 48%, quanto de negras é de 46%. Entre as pessoas não negras, é de 35% para homens e 34% para mulheres.

O Rio Grande do Norte é também o estado que possui menos negros no Nordeste, com 60% da população. O Maranhão lidera com 82%, seguido da Bahia, com 80%; Piauí, 79%; Sergipe, 76%; Alagoas e Ceará, 71%; Pernambuco, 68%; e Paraíba, 66%. No Brasil, o percentual de pessoas negras é de 55%.

Salários mais baixos

Desemprego mais alto, ocupações precárias, subutilização e menores rendimentos fazem parte dos problemas enfrentados pelas mulheres pretas. No Nordeste, o rendimento delas é de R$ 1.334, em média. Entre o público masculino negro é de R$ 1.540. Já as mulheres não negras ganham em média R$ 2.060 e os homens, R$ 2.397.

A média nacional do salário das mulheres negras é de R$ 1.617, menos da metade da média dos homens brancos, R$ 3.471.

Desemprego

Para os negros, a taxa de desemprego é sempre maior do que a dos não negros. Enquanto para os homens negros, ficou em 13,2%, no 2º trimestre de 2021, para os não negros, foi de 9,8%. Entre as mulheres, a cada 100 negras na força de trabalho, 20 procuravam trabalho, proporção maior do que a de não negras, 13 a cada 100.

No Nordeste a taxa de subutilização de mulheres negras é 51,3%, enquanto de homens negros é de 36,4%. Entre os brancos, 43% das mulheres entram na estatística e 31,1% dos homens.

A taxa composta inclui a de desocupação, a de subocupação por insuficiência de horas e a da força de trabalho potencial, pessoas que não estão em busca de emprego, mas que estariam disponíveis para trabalhar.

O estudo do Dieese explica que a pandemia do de covid-19 acentuou as desigualdades. No momento do isolamento, uma parcela muito maior de mulheres e homens negros perdeu o trabalho e voltou para casa, sem perspectiva de nova ocupação. “Antes inseridos em ocupações de baixa qualificação e rendimento e, no caso das mulheres, no emprego doméstico, esses trabalhadores saíram do mercado de trabalho, mas, antes da vacinação, começaram a voltar, devido à necessidade de renda para a sobrevivência”, detalha.

O levantamento alerta que com o avanço da imunização, no final de 2020, os níveis de ocupação dessa população começaram a crescer. Entretanto, é possível observar que quase 40% dos negros que antes estavam na força de trabalho ainda não voltaram.

“Haveria menos vagas para a população negra nessa retomada? Ou teriam sido eles mais vitimados pelo pandemia?”, questiona, apontando que, segundo dados do Ministério da Saúde, os negros têm 40% mais chances de morrer de covid-19 – pois estão mais expostos. Informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que eles representam 57% dos mortos pela doença, enquanto os brancos são 41%.

Fonte: Agência Saiba Mais

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